Francisco de Limiar: «No ensino público ainda nom há futuro para o galego»

Francisco de Limiar: «No ensino público ainda nom há futuro para o galego»

«Se nós nom somos capazes de criar um espaço para o galego, o galego fica sem espaço»
Terça, 28 Julho 2009 00:00

Francisco de Limiar é membro da plataforma Galiza com o Galego
Eduardo Maragoto - A associaçom “Galiza com o galego” precisa de 3.000 pessoas associadas para avançar com um projecto que anda na cabeça de muitas famílias desde há tempo: umha escola laica em que a língua veicular do ensino seja o galego.
Cada umha contibuiria com entre 100 e 200 euros por ano para pôr em andamento o primeiro centro educativo, ainda que, com o tempo, esperem a adesom de qualquer escola que o desejar se cumprir os princípios fundacionais. O grupo promotor pretende abranger todos os níveis educativos, prestando especial atençom aos inferiores inicialmente. A independência dos poderes públicos justifica a gestom privada desta rede, mas esclarecem: “a associaçom procurará todos os recursos necessários para dar escola em galego a quem o precisar”. Reaparece assim o projecto que tentou levar a cabo há uns anos a VOGAL (Viveiro e Observatório de Galescolas), mas com a ideia do reintegracionismo ausente, e o português  apresentado como umha língua románica mais. Fomos falar com um dos promotores da ideia, umha vez que ainda nom contam com cargos.
Porque considerades necessário este projecto?
Surge de um debate numha rede social da Internet sobre o assunto das Galescolas, à vista das intençons do governo do PP na Junta da Galiza. Nesse debate vam-se plasmando os pontos que aparecem na nossa página web (www.limiargalego.blogspot.com). Desde o dia 16 de Abril, quando se torna público o abaixo-assinado, já superamos as 500 pessoas (e vai a mais) que estám dispostas a apoiar umha rede privada de ensino em galego. O galego está a perder-se e pensamos que o único sítio onde realmente podemos contornar o problema é na escola, umha escola que o prestigie, onde os rapazes podam falar o galego. Os filhos de muitas pessoas galego-falantes acabam por ser castelhano-falantes na escola. Perdem a língua porque a ambientaçom é agressiva contra estas crianças. Muitos meninhos chegam a casa mesmo reprimindo os pais por falarem mal. Isto vemo-lo todos os dias.
Porque o definides como 'privado'?
O contrário seria enganar. Inicialmente, ao se realizar a proposta, pudo-se optar por pôr  'cooperativo', mas continua a ser privado, ainda que nom pretenda obter rentabilidade económica. É um debate falso. Nós queremos umha rede popular, feita por muitíssima gente, e de facto tem de estar apoiada necessariamente por 3.000 pessoas. Estas pessoas fariam um contributo de 100 a 200 euros por ano, umha quantia assumível. Se nós nom somos capazes de criar um espaço para o galego, o galego fica sem espaço.
Também usades o termo 'popular'...
O nome inicial era 'Rede popular galega privada de ensino em galego'. Depois a comissom pré-gestora decidiu que ficasse 'Rede popular de ensino em galego'. De qualquer modo, é 'privada'; nom queremos que dependa dos poderes políticos. Nom queremos que amanhá este governo ainda se converta em pior para o galego e nós ficarmos sem futuro. No ensino público ainda nom há futuro para o galego. Somente haverá futuro para o galego quando aqui haja um governo apoiado por umha maioria social de sensibilidade galega, algo que nom existe por enquanto. A chamada esquerda entende o de 'privado' como algo horrível. E eu pergunto: o vosso partido nom é privado? O vosso sindicato nom é privado?
Porque pensas que o movimento normalizador nom impulsiona este tipo de projectos, quando noutros povos tenhem tanta tradiçom? No debate com o PP, o ensino por modelos é inclusive definido como 'apartheid' polo nacionalismo...
Eu nom sei qual é a posiçom do nacionalismo formal; só sei que as pessoas nacionalistas, ou com certa posiçom galeguista, tenhem que começar a deixar o choro, a reivindicaçom permanente, e passar à acçom.
Que cabimento teria o português?
Nós pensamos que as línguas tenhem que ser ensinadas de outra forma. Nom se pode ensinar o galego como quem ensina o inglês. A língua é preciso ensiná-la dentro do seu tronco comum, e o tronco comum é o romance. Quer dizer, para além da competência total que se pode obter em castelhano e em galego, se as línguas forem ensinadas do ponto de vista comparativo, pois provavelmente consigamos umha competência em português total.
Referia-me ao português como reforço do galego...
Nom vamos discutir se galego e português som exactamente a mesma língua, mas sabemos que tenhem umha semelhança. Vamos conseguir proporcionar os mecanismos precisos para que na escola se alcance também umha competência plena no português de um jeito natural. Nom somos nem reintegracionistas nem o contrário. Igualmente noutras línguas romances como o francês... devem ser estudadas de modo científico, usando como língua veicular o galego, para permitir a competência de leitura nas mesmas e ademais umha razoável competência oral.